domingo, 31 de julho de 2011

Alucinados

Foi como levar um choque na geladeira, rápido. Como fechar os olhos e esbarra em você de braços abertos.  Marinheiro de milésima viagem deveria imaginar coisas do tipo. O mar muda. Quando você menos espera tudo sai do lugar. Da cozinha você vai pro quarto em dois passos. Não, seu apartamento não é pequeno. Isso é a pressa.

Começar ar a ler a orelha de um livro e pular pra última frase, tudo na ânsia de juntar as migalhas dentro da caixa, seja de pão ou de bolacha. Fiz uma sujeira, baguncei e não arrumei.

Que não seja tão rápido na partida quanto foi na chegada. 

sexta-feira, 29 de julho de 2011

Porta retrato

Antes de deitar gosto de me perguntar: Será que vala a pena ter essas fotos pregadas na parede?  Repassar cada momento daquele sem deixar de lado nenhum segundo? É um vício. Já tentei arrancar da parede, já tentei arrancar de mim. Mas tudo foi grudado com cola de marca – prega mais que Super Bonder. Não adianta agora querer puxar com força.

Então o que me resta é olhar. Sim, elas ficam em um lugar estratégico. Não existe escapatória. Ou não entro mais no meu espaço, ou vou ter que aprender a olhar e não reconstruir, nesta linda cabecinha que Deus me deu, cada minúcia daquele cheiro. Tarefa difícil.

Deviam criar uma cartilha: Como olhar e não vê. Podia ser em braile, juro que me esforçaria para aprender a decifrar cada pontinho.  Talvez fosse mais fácil assim. É ai que me pergunto: Teria tanta graça? Não sei. Acho que nessas horas eu nem penso mais no que é engraçado.

Não adianta. Vou me deitar agora e mesmo fechando os olhos para não ver estampado em todas as paredes do meu quarto, eu sei que quando adormecer vou te ver do jeito que mais gosto: Pintado em um real tão cru e seco que quando acordar vou acreditar em você. 

Educação infantil


Sem pretensão alguma as minhas palavras saem quase que golpeando a carne, mas pra não deixar a ferida aberta e o sangue escorrer, as mãos são rápidas e apresenta o meu lado bondoso.

Seguro para não deixar topar no meio do caminho. É como a tarefa do garçom que, por descuido, deixa a bandeja escorre entre os dedos e luta contra todos para não quebrar um copo. Se mostrando orgulhoso por cumprir sua tarefa sem desperdícios no fim da noite.

Calcular, certas coisas, é preciso. As contas no fim do mês, trivial; A quilometragem do carro, para economizar gasolina e ter mais álcool; E as mulheres que deitam em sua cama, para contar vantagem e ganhar experiência de vida.

Experiência de vida daquelas que seus pais contam quando você é pequeno, mas não quer te assustar. “Meu filho, quando você crescer vai ver que as pessoas são ruins e pisam umas nas outras”. Bem, aprendam desde cedo, crianças, o que eles querem dizer é: Cuidado, uma nega pode foder com você. E não é no sentindo mais gostoso da palavra.



quinta-feira, 28 de julho de 2011

Desmedido

É estranho se sentir vazio e conhecer cada detalhe desse espaço. Seria um espaço?

É estranho sentir medo de sentir. Teria cabimento?

É estranho não ouvir sinos tocando. Esqueci os contos de fadas?

É estranho sentir a pele esticar. Síndrome de Peter Pan?

Nada que me faça mover uma palha. Nada que me faça querer e desejar uma carne crua, um corpo quente. Mas as cores daquela unha me tiram do sério. Aquele verde junto à cor dourada da pele e o branco dos dentes escancarados em um sorriso roubado por mim fazem meus pés baterem em um ritmo acelerado. Desnorteante. É como receber uma tapa antes do gozo.

Contraditório, sei bem, mas é assim.

Sem planos, mesmo que me perca nas horas imaginando o dia seguinte. Sem compromisso, mesmo que desperceba outros sorrisos. Meu vazio é bem recheado com paredes de labirinto.

Extremo da loucura. Receio pelo tempo apertado, assim como eu. Receio por mim mesma que pareço desconhecida dentro disso tudo.

Soluções. Elas são para os calculistas. Frias, metrificadas.

Pois, sem rima, sem jeito, com medo e com olhos vendados me largo, mais uma vez, por esse mundo perturbado dos que se apaixonam.