quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Bula para garganta inflamada

O mal maior é essa necessidade-sei-lá-do-que que me segura o pescoço com as duas mãos, como quem estrangula o pescoço de uma galinha prestes a morrer. Não é só um simples nó na goela que me tira o ar, entende? O desconforto de acordar e não ter controle nem sobre o dedo mindinho, mas mesmo assim ter que se pôr de pé com sorriso na cara, desmancha pedaços da alma. Isso também não é drama descabido e desnecessário da minha juventudo, mesmo em plena idade adulta. Tem quem chame toda essa coisa de "falta". Certo. Seria muito fácil chamar assim e logo em seguida colocar um ponto encerrando a frase, mas me explique uma coisa, amigo-dicionário-dos-sentimentos: Falta de que?

Fora essa coisa toda incomoda, eu ainda tenho um consolo soturno e macabro: As palavras são um tipo de bicho tão grande que conseguem, sem você nem perceber, criar uma realidade que nunca existiu. É por isso que acredito que não vai adiantar ele fotografar no melhor ângulo o que eu tive na palma da minha mão. Enquanto eu me preocupei em sentir, você foi o bobo que guardou o que nunca vai ter. E no fim dessa frase a necessidade-sei-lá-do-que aperta forte, me deixando sentir todos os dedos de suas mãos empurrarem ao fundo do poço minha respiração. Puxa ar, puxa ar. Minhas palavras com caneta de hidrocor vermelho nunca vão conseguir mudar a realidade de que ele sabe como fazer ela feliz e quando tudo acabar, vão ser as palavras dela, escrita em um papel enfeitado, que vão dizer: "você me fez feliz como ninguém".